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Algumas pessoas são mais perfeccionistas, detalhistas e fazem questão que as coisas sejam do seu jeito. Eu sou o André, doutor em psicologia e vou te contar hoje sobre um transtorno no qual esses traços de personalidade são extremos e prejudiciais.
Algo marcante no transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva é a preocupação com ordem e controle. Uma pessoa com esse transtorno tende a ser muito perfeccionista e pouco flexível com os outros, já que costumam precisar que as coisas sejam feitas do seu jeito.
A preocupação com coisas como detalhes, organização, horários e regras pode ser tanta que acaba atrapalhando a pessoa a alcançar
as suas metas, ser eficiente no trabalho ou viver relacionamentos saudáveis.
Por exemplo, a pessoa pode ficar tão tomada pela revisão repetitiva do seu trabalho de conclusão de curso que, mesmo começando a escrevê-lo com antecedência, acaba não conseguindo terminá-lo a tempo.
Uma pessoa vivendo essa condição também pode ser exageradamente focada no seu trabalho, rígida quanto a valores morais, acumuladora de objetos, teimosa ou muito mão de vaca mesmo que tenha uma boa condição financeira..
Todos esses sinais são manifestações mais extremas de uma necessidade básica que todos os seres humanos possuem em algum nível: a necessidade de controle.
Costumamos nos sentir mal diante de ameaças ao nosso sentimento de controle e bem com a presença dele. Não é porque você é perfeccionista, detalhista ou faz muita questão que as coisas sejam feitas do seu jeito que você possui algum tipo de transtorno.
Na verdade, ser muito detalhista pode ser bem vantajoso se você for um programador ou um arquiteto, por exemplo. Só iremos cogitar a presença de um transtorno quando alguém possuir essas características de forma duradoura, excessiva, inflexível e em diferentes situações, o que acaba gerando sofrimento e dificuldades graves na vida da pessoa.
Muita gente confunde o transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva com o transtorno obsessivo-compulsivo, o famoso TOC, embora sejam transtornos bem diferentes.
Pessoas com o transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva não sofrem constantemente com pensamentos obsessivos e desagradáveis como ocorre no TOC.
Na verdade, elas tendem a achar que seu perfeccionismo excessivo, por exemplo, nada mais é do que bom senso. Outra diferença é que o TOC pode oscilar mais com o passar do tempo e a depender de situações que provoquem ansiedade, já o transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva tende a ser mais estável depois que se desenvolve no início da fase adulta.
Além disso, o TOC não está ligado necessariamente a ser muito organizado, detalhista ou perfeccionista como muita gente acha. O TOC pode estar ligado a vários temas, tais como violência, religião, sexo, receio de se sujar ou de sofrer algum tipo de dano.
Vale ressaltar que parece existir sim alguma sobreposição entre essas duas condições. Por exemplo, ambas podem envolver algum tipo de compulsão, ou seja, comportamentos repetitivos que a pessoa tem dificuldade de evitar e controlar.
Existem poucos estudos sobre as causas do transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva, mas como qualquer transtorno mental, existem tanto contribuições genéticas quanto ambientais para alguém desenvolvê-lo.
Pais superprotetores, por exemplo, podem estimular o desenvolvimento do transtorno em crianças com maior propensão prévia a desenvolvê-lo.
Vale enfatizar que, na maioria dos casos, essas influências parentais não resultarão no desenvolvimento do transtorno. Isso tem a ver com o fato de que a proporção de pais que agem de forma superprotetora é bem maior do que a pequena proporção de pessoas que realmente desenvolvem o transtorno na prática.
Essa condição pode envolver tanto tratamentos farmacológicos quanto a psicoterapia a depender do caso. É comum que pessoas vivendo essa condição não procurem tratamento, já que não costumam enxergar suas preocupações excessivas como problemáticas.
Embora níveis moderados de traços como ser detalhista ou perfeccionista possam ser vantajosos para pessoas trabalhando em diferentes áreas, em níveis elevados eles tendem a acabar tornando o desempenho da pessoa menos eficiente e de brinde ainda costuma atrapalhar em diferentes aspectos da vida da pessoa por anos.
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