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Um dos principais motivos que levam muitas pessoas a procurar um psicólogo em nosso centro é a ansiedade. De fato, todos nós conhecemos, em maior ou menor grau, quais são seus principais sintomas. Muitas vezes, já experimentamos aquela sensação de falta de ar, pressão no peito, tremores, nervosismo e tensão muscular. Hoje vamos falar sobre a ansiedade, seus transtornos e o que podemos fazer para superá-la.
A ansiedade é tão antiga quanto a humanidade. Na verdade, ela tem sido uma resposta que nos permitiu sobreviver a uma grande quantidade de perigos ou ameaças enfrentados no passado. Vou dar um exemplo clássico para ilustrar isso: imaginemos um de nossos antepassados, há centenas de milhares de anos, caminhando pela selva. De repente, ele se encontra cara a cara com um leão. Assim que o percebe, muito antes de se dar conta de que é um leão, a amígdala — o núcleo cerebral responsável pelas emoções — detecta o perigo e começa a tomar decisões. Ao identificar a ameaça, ela desencadeia uma série de mecanismos com o objetivo de enfrentar o perigo.
Por exemplo, ela pede ao coração que comece a bombear sangue com mais intensidade, pois os músculos precisarão de um suprimento extra. Para isso, o sangue precisa estar bem oxigenado, então os pulmões aumentam a frequência respiratória. Esse aumento de oxigênio no sangue pode gerar uma sensação de tontura, e para lidar com isso, o corpo libera adrenalina. Toda essa reação aumenta a temperatura corporal, controlada pela sudorese, que nessa situação ainda facilita a fuga ao diminuir o atrito do corpo.
Se não for possível lutar contra o leão, a única saída é fugir. O corpo está preparado para isso: os músculos estão tensos e bem irrigados com sangue oxigenado. Para facilitar ainda mais, o organismo se livra de peso extra, esvaziando o intestino e a bexiga, o que pode explicar a urgência em evacuar. Essa resposta, comandada pela amígdala, tem dois objetivos: lutar ou fugir. Esses mecanismos aumentam nossas chances de sobrevivência, permitindo que contemos essa história no final do dia em vez de nos tornarmos o jantar do leão.
Os sintomas típicos da ansiedade incluem taquicardia, respiração acelerada, tensão muscular, sudorese, tontura e urgência para ir ao banheiro. Em situações de perigo real, esses sintomas nos salvam. No entanto, imagine que, já seguros na caverna, relembrando o ocorrido, os mesmos sintomas reaparecem. Sem nenhum perigo à vista, o coração acelera, os músculos se contraem e o corpo soa. Nesse momento, a ansiedade não ajuda, mas limita, pois o cérebro, por um erro de avaliação, ativa a amígdala sem necessidade. Esse erro é causado pelos pensamentos, desencadeando uma resposta desnecessária.
A ansiedade em si não é ruim, mas o problema surge quando aparece de forma desproporcional ou injustificada. Isso é o que acontece com muitas pessoas que sofrem de ansiedade. Elas vivem como se estivessem constantemente enfrentando ameaças, quando, na verdade, não há leões diante delas. Situações cotidianas, como falar em público, estar sozinho ou em espaços cheios, dirigir ou voar de avião, podem ser vistas como ameaças.
A ansiedade tem três componentes principais: o cognitivo, relacionado à percepção de ameaça; o fisiológico, que envolve a resposta física do corpo; e o motor, que diz respeito às ações para lidar com a situação. No tratamento, esses três componentes devem ser considerados. É preciso corrigir os erros de pensamento, aprender técnicas de respiração e relaxamento para controlar o sistema nervoso e, por fim, enfrentar as situações que geram ansiedade. A exposição progressiva é uma técnica eficaz para ajudar as pessoas a superarem seus medos de forma controlada.
Em casos em que a exposição direta não é viável, como no medo de voar, técnicas de imaginação ou realidade virtual podem ser usadas, com excelentes resultados. Pesquisas mostram que 96% dos espanhóis sentiram estresse ou ansiedade no último ano, sendo que 40% enfrentaram isso de forma contínua. Se a ansiedade se torna patológica, é importante buscar ajuda profissional para superá-la.
Ansiedade tem tratamento, e há luz no fim do túnel.
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